Esses dias sonhei com um irmão meu. Mas eu sou filho único e tenho esse péssimo hábito de levar palavras ao pé da letra, valores muito a sério e ser firme quando os outros não são. Síndrome de Saturno. Assim me fiz homem e se me explico demais é para ser um pouco menos sisudo do que meus atos parecem ser. Entretanto, poesia. E o coração dos poetas ama desmedido, quiçá seja essa a dor de mensurar. Bendito é o inefável e assim permanece Absoluto. E eu, mero mortal, contemplo o amor e rio das condições em que nos colocamos por insegurança e insensatez. A ignorância é mesmo a causa do sofrimento. Neste sonho uma naja conduz-me pela floresta por caminhos obscuros até uma clareira de onde surge este estupefato amigo, alegre por reencontrar-me e poder me abraçar. Eu, paralisado, sinto em seus braços o aperto da própria serpente, numa conciliação mais que repentina e que me sufoca, embora haja amor. Recíproco. Em desespero, só o que eu quero é fugir e só o que eu faço é chorar, como um men