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Mostrando postagens de outubro, 2013

Tecido

De começos e tropeços a fins de fios mais espessos e entrelaçados. O destino é uma bola felpuda, quase indecifrável, que pede delicadeza em seu manuseio para não se perder o fio da meada. Quem quer partir uma linha, iniciar uma rinha consigo? Os fins até justificam os meios, mas quem vive de justificativas? A moral não cede à oratória, mesmo à de argumentos floreados e recheados, como uma persuasão intimista, invasiva. Ter-se ao tecer: que sejamos maiores que o descuido.

Contratos

Canções cauções, Compostas de convicções comedidas Que é para agradar o coletivo E não ao coro interior. E um cortejo póstumo.

Costelas II

Servem-me ou sorvem-me? O sutil se suscita, precipita-se, severo. O delicado exige esmero; detalhes nunca pecam por exagero, desde que sinceros. Dos contos, os pontos primordiais, as frases viscerais, palavras com seus devidos sais e temperos. Livrai-me dos demais números... Do Belo e dos belos, me melo e atropelo, atrapalho-me. Mesclo sentidos e intentos, tento me recompor, acalmar o tambor, aplacar os ventos, ao relento! Prazeres sem prazo, sem pressa... Que me jure o acaso, mais nenhuma promessa! A véspera grita o rio raso, e eu prefiro o vaso cheio a uma bacia e uma ilha ao meio.

Costelas I

Vim de um fim passageiro, passageira dos sins e nãos da vida, cortejada no centro e esquecida na avenida pelo motorista ávido. Vim de mais um romance incerto, certa de que por perto só quero a mim. Enfim, mais um aperto no coração e a sensação da sôfrega solidão, porém alívio. Vim vindo, vendo as paisagens. Vendo mais do que imagens, tudo o que me resta, que não é muito, mas dá para saciar aos olhos. E algo mais, talvez. Vim de contos avulsos, sou alvo de impulsos alheios, prato cheio, acompanho passeios com o certo receio que todos têm na tez.