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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Avulto

Concedo histórias paralelas a quem quer que cruze o meu caminho dotado de algum atrativo atípico. A inspiração é uma ramificação de fatos onde personagens sobrepõem personagens.

De mãos vazias

Já era tarde quando ela me recebeu. Um quarto vazio numa noite gélida. Tudo bem convencional. Algo como estes reencontros casuais que soam naturais e confortáveis, até nos depararmos com nossa condição atual e rememorarmos os fatos recentes. Crises existenciais inconstantes, que brotam-se abruptas e trazem consigo uma baderna mental. Vivi de visitas inesperadas ao longo desses últimos meses e mesmo minha cama me estranharia, murcha, se recebesse meu corpo encolhido nesta madrugada. Mas cama era artigo de luxo desde então. Eu, estrangeiro, em busca de refúgio: aquele que no regresso ao real acredita poder transgredir o tempo em que se ausentou. Não. Lar era naquele quando. Expirou-se. E poderiam chamar-me asceta, não fosse pela quantidade de álcool em meu sangue e a trajetória tortuosa que os dias vinham tomando. Recordações vagas que prefiro deixar do lado de fora, da porta para a rua. Eis que a sorte me sorri dentro em tanto tempo, convidativa... Pois que meu semblante sej

Atenuar

Diálogos tornam-se monólogos ao tocarem a folha de papel.

Afim

Não fazemos concessões ou convenções: nossas regras são espontâneas e não necessitam discursos ou discussões. E nosso silêncio é mútuo, ainda que ruidoso: é o resumo de nossas expressões. Deixamos impressões em pausas e reticências que demoram-se despreocupadas, pois não têm exigências. Nossas frases sustentam-se de onomatopeias, não de argumentos: não vemos propósito na vaidade da inteligência. Nosso tempo ceifa-se a si próprio, mártir de sua sina: nossa atenção é demasiada difusa para que instituamos qualquer rotina. Nosso solo é nublado, frágil como se imagina. Pisamos no terreno da fertilidade, como astros que circundam-se e violam a gravidade: "o que está em baixo é como o que está em cima". Somos a exceção que dá cabo da lei por excedermos aos exemplos triviais. E seríamos os "extraordinários", se não estivéssemos apenas sendo nós, sem mais. Não somos destaques, não acreditamos em contraste, não podemos ser fruto de qualquer assunto para quaisq