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Mostrando postagens de agosto, 2014

Aurora

- Chovem flores e nem assim... - Como? - Me desculpe senhor, acho que eu pensei alto! - Às vezes não podemos nos conter, não é? - Eu me distraio facilmente... - Por isso ser tão amena, menina! - Já nos conhecemos? - Acredito que não, mas os seus olhos me são tão familiares que me dão dúvidas. - Que têm meus olhos? - Você sorri com eles. De uma simpatia tão transparente que me transporta para outras épocas. Ah, que bela forma de se ver o mundo! - Obrigada, eu acho... - São bonitas, não são? - Você também vê as flores? - Sim filha, eu vejo. - Então não é tão mal quanto eu pensava. - Eu? - Não! Você é muito gentil, senhor. - O quê é então? - A minha vista. Quero dizer, outras pessoas também veem o que eu vejo, então isso é bom. - As pessoas olham. Ver é diferente. - Como assim? - Filha, existem dois tipos de palavras: as que nos fogem à memória e as que nos escapam pela boca. - E? - Em ambos os casos queremos dizer algo avidamente. - Eu a

Costelas IX

Solução sem soluços Solidão sem mágoa Meus impulsos, firme pulso Eu avulsa Verto água Corpo leve, alma densa Vida breve, bença vó! Vim só vou Numa sentença De herança deixo a dó Curvo o corpo ao espelho Sou eu própria o vidro turvo Frágil e frio, eu me assemelho Em conselho com o vazio Pois o atrofio ágil Mal me tenho, dou-me tanto Dôo em prantos, qual empenho Aos engenhos do destino Eis meu hino - o desencanto Tal o divino ferrenho.

Entrementes

O sorriso, mais que hábito, me habita.

Despacho

Quanto mais sou, menos sei Amor como Lei E, por mim, o rei impera.