Calão
- Eu tenho vivido situações que se eu te contasse você não acreditaria. - Por que você não tenta? Talvez eu acredite... - Mas talvez, se eu partilhar minha fascinação, posso perdê-la. - Ou talvez você possa contagiar-me. Seria interessante. - A curiosidade tenta o casto. Há um tanto de luxúria em dizer mais que o necessário. - Você já pecou hoje. - Sim, perdoe-me pelo diálogo impertinente. - Incômodos à parte, o perdão é arte. Eu só não entendo essa sua resistência em se abrir para os outros... - Não é questão de me abrir, é questão de banalizar algo sagrado. Eu não sei se eu teria vocabulário para convidá-lo à minha galeria experiencial sem que a visita se tornasse algo tedioso. E a questão não é o que você vai experimentar, mas como a sua experiência afeta a experiência primária. É uma relação ambígua onde causa e efeito diluem-se, perdem suas definições. - Mas, ao mesmo tempo, você sente esse impulso de querer exibir o belo. Seu belo. Sem saber se ele só o é, re