Roupa de Cama
O quarto escuro pertence apenas a nós. O mundo se perdeu por detrás daquela porta e os únicos vestígios da realidade são as gotas da tempestade que molham nossos corpos ao adentrarem pela janela. As cortinas dançam sobre nós. Formam um véu que nos coloca sob a chuva, diante de uma imensidão de nuvens cinzas... e por que não? Estamos no céu! A cama estreita nos ajunta. Encostada à parede sou feito refém! E tu dormes tão serena que me envergonhas; Tens os olhos tão tranquilos que me preocupas; O modo como te sentes à vontade me causa um leve desespero. Adormecestes agarrada ao meu corpo, como se eu pudesse desprender-me... como se já me conhecesses há tempos! E, realmente, eu não sou insomne, mas não duro muito embaixo de outros lençóis. Também não sou de perambular pela casa: aprecio o silêncio durante a manhã, de forma que até meus passos me causariam incômodo, portanto o ruído usual é o da porta da frente recostando-se levemente e encerrando as noites de forma definitiva. Sabe? Eu ta