Solúvel, no entanto íntegro: sou substância volátil. Sou o universo em flor, a se abrir e abrir e abrir - sou o abismo sem fundo. Veneno aos que se embriagam do comum e levitam, e se cercam, se têm seguros: sou a insegurança. A peça de teatro que nunca se repete, a peça que nunca sai de cartaz. Sou o improviso e o sorriso da plateia, provocado. Sou o manifesto: espontâneo da boca de um. Um, qualquer. Mas se sou linhas, versos, tenho lá minhas partes ilegíveis. Se chego a ser melodia, se chego a tocar seus ouvidos, sou um sopro mais demorado... Sou as reticências que seus olhos exclamam, o silêncio que permanece quando tudo mais se encerra.