Estive tão distraído que nem vi quando ela sentou-se ao meu lado. Puxou um fone da minha orelha e colocou em seu ouvido, sem a menor cerimônia. E acrescentou ao seu ato: “Eu sempre quis saber o que você escuta, sempre quis ouvir sua voz.” Não tive uma palavra para saciá-la, então continuou: “Você... acredita em destino?” “Não.” “Por quê?” “Seria muita pretensão acreditar em destino depois de ter forjado tantos acasos.” “E sonhos?” “Se eu acredito em sonhos? Sim. Que eles se realizam, talvez. Mas logo eu, tão cético, estou tendo meus conceitos desconstruídos neste exato momento...” Foi quando ela me beliscou e sussurrou em minha orelha nua: “Eu sou real.” E depois de dito isso ela olhou para frente, parecendo prestar atenção na palestra que ocorria em uma dimensão completamente distinta da nossa. Eu estava tão distante do mundo que tive de ser censurado por um olhar que ela me lançou para que eu voltasse ao auditório. Uma multidão de alunos tentava assistir a p