Do apego & da autossuficiência
- … e em relação à fulana?
- É uma boa pessoa, mas se acha autossuficiente, e não é. - Típico dos alunos do Rodrigo…
- Por que?
- Por que ela é assim?
- Não, por que recorrentemente os meus alunos assumem esse perfil?
- Isso é produto de um bom ensino. Um bom professor gera confiança e estimula seus instruídos a praticar. A prática confere mais segurança e logo se infere que já se aprendeu tudo o que precisava.
- E o que eu posso fazer em relação a isso?
-Você já está fazendo. Produzindo os conteúdos que estimulem a autoanálise e que confronte as referências autocentradas.
- Isso. Até porque o meu objetivo é, de fato, conferir autonomia energética para os indivíduos que me procuram.
- Sim. Mas tenha em mente que você não deve querer resolver os problemas e as perspectivas enviesadas de cada um. Essa miopia do outro sobre si pode te incomodar, mas se não afeta a vida dele diretamente, então é uma certeza que lhe conforta e lhe pacifica. E você não tem o direito de atentar contra essas crenças só porque te inquietam.
- Mas então porque você falou da fulana?
- Por que, nesse caso, a crença de autossuficiência é uma promessa de ruína. Ignora-se deliberadamente todos os avisos, sutis e explícitos, por uma teimosia que no fundo é puro orgulho. E orgulho é tão sólido que dessensibiliza o ser.
- E o que eu posso fazer?
- Nada. Você não entendeu? Eu só estou te falando isso para você observar e assistir.
- Há alguns anos atrás eu me sentiria pesaroso ante a tragédia anunciada, mas eu estou estranhamente pacificado…
- Você estaria ainda mais em paz se tivesse agido na medida do suficiente.
- Como assim?
- Você fez mais do que podia. Muito mais. Aprenda a não se envolver. Seja impecável, mas aja com desapego. Essa é a via da perfeição.
E sumiu.
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