Desnudo

A vida acontece. Altos e baixos, risos e choros, semeadura e colheita. Mais cedo ou mais tarde é mister que nos decepcionemos. E nem importa muito o motivo, inadvertidamente nos encontramos todos, em algum momento, intoxicados pela desesperança e desgosto com o mundo. 


Em retrospecto, ao analisar os eventos subsequentes, é bem possível que adotemos um viés de confirmação muito clichê: o de que a nossa  intimidade é algo precioso por demais para ser compartilhada com profundidade e abertamente. Assim passamos a zelar por ela como um tesouro que deve ser conquistado e valorizado, combatido e preservado, como a joia que representa nosso último resquício de dignidade. Ó vaidade despedaçada que seca o coração dos homens! 


Centrado em mim, entretanto, concedo intimidade até pro curioso funâmbulo que semeia intriga por mera insatisfação consigo próprio. Quando assumo o despedaçar das ilusões, abraço a impermanência e me entrego ao estado de graça incondicional, confiante e bem disposto a quem ou o quê quer que seja. Desfilo por lâminas que não me cortam pela indiferença ao que não me é pertinente: nem descaso, nem falsidade, nem a competitividade compulsória que tentam nos imputar. 

Alegria simples de conciliar-se consigo e poder se entregar ao mundo sem medo de se lastimar. Esse é aquele sentimento que quando adquirido cedo na vida é chamado de liberdade, e quando adquirido tarde recebe o nome de sabedoria. 

Gosto, porém, da definição de um amigo: a sublime sensação de estar nu com Deus.

Que bom que enfim me desnudei. 

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