Rodrigo
Saturno da foice gentil
Num sorriso silencioso levou
Convicções que caem por terra
Feito castelos de areia & fantasia
Sou onda que toma a praia
A calçada, a rua, a sua atenção
Não vim para conquistar intimidade
A minha eu tomo de volta quando não
Me contemplo no espelho dos templos
Alheios ao caos que nos revolve
Movediço como a lama que se encrusta
Permanente como o verso consagrado
Nota única, língua nenhuma profana
Sinceridade que é o que o coração entoa
Afiado como o naipe de espadas
Habilidade com a verdade como esgrima
Pontual feito palavra de mãe que decide
O destino reside nas mãos calejadas
Artesanalmente é que se cumpre a Obra
Vento afável inspira a profecia
Cúmplice a tempestade sopro criativo
Nada detém a travessia que se alastra
Selvagem & fugidio: vim apenas porquê.
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Esse não é um poema em primeira pessoa. É, na verdade, uma poesia dedicada a mim. Uma composição da minha autoimagem em palavras, meu conceito é minha postura. Tem algo de apreciação e algo de delimitação, mas também tem muito um estudo sentimental do que eu sou para este mundo.
Pareço passageiro, no sentido de estar em movimento e não pertencer; e tal como pareço impactante, também soo leve e gentil, e me alterno em extremos, sem perder a intensidade da presença. Parece que sempre estou por inteiro, mesmo que me manifeste com sutileza. Mas o mais característico: não pareço estabelecer vínculos, sou apreciado pelo fenômeno que animo, mas não como parte do contexto que afeto. Balanço as folhas sem ser parte da árvore, cubro os rastros da areia sem ser um grão propriamente dito. Dou e tiro, mas nunca me entrego, pois nem posso. Oceano que só cumpre suas marés.
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