Cálice Diáfano

Enfim você chegou. Parece um sonho, mas não é, tudo é bem palpável. Você se encontra diante de uma porta de madeira escura, muito alta, de forma que se você levantar a mão você não consegue nem tocar no umbral dela. Toda a parede ao seu redor é de um mármore claro e dá à atmosfera um clima um pouco frio. Aliás, há alguns instantes atrás você jurava que não via nada de diferente nesse aposento, até estar diante da porta, prestes a cruzá-la, e sentir que de lá de dentro emana uma sensação de euforia, um magnetismo que parece lhe convidar a entrar.

Então você empurra a porta. Não há maçaneta, é um arco de metal brilhante, talvez seja até prata, não duvide disso. O fato é que a porta se abre surpreendentemente leve ao seu toque, ela quase desliza lhe dando passagem para um aposento extenso, mas muito pouco mobiliado. Não há luz ali, exceto a os poucos feixes que transpassam pelas grossas cortinas de veludo, no fundo.

Mas há uma mesa de mármore negro lustroso, quase um espelho, e sobre ela há 3 cálices de estanho voltados com a boca para baixo. É uma sensação estranha: ao mesmo tempo que as taças estão dispostas na mesa para qualquer um as tocar, elas parecem esconder alguma coisa, algum segredo. Há uma mistura de angústia e ansiedade no ar.

Então você levanta a primeira taça, a da esquerda, e ela é pesada, como se o metal fosse bem concentrado, um tanto maciço. Debaixo dela há um saco de veludo vermelho, com acabamento de costura em fios de ouro e um cordão de couro. Há alguma coisa dentro e você desfaz o nó e encontra uma esfera de um cristal preto muito, muito bonito. Ela é pesada e se você fosse um pouquinho mais sensível diria que a pedra tem uma energia bem forte. Você desconfia que é uma obsidiana, mas não faz suposições. É melhor deixar para lá. Então a pousa na mesa e decide se aventurar pelo cálice da direta. 

Levanta-o da mesma maneira e ali há um objeto muito peculiar: trata-se de um anel de 10 caveiras com a inscrição “X - Fortuna”. De alguma forma aquilo lhe provoca um arrepio e você prefere nem tocar. Não é questão de superstições, mas de saber se portar: a cautela é o rastro do sábio e você tem se esforçado para fazer menos cagadas. Isso é admirável, parabéns.

Por último resta o cálice central. Você não está certo se deve abri-lo, mas sabe que não vai resistir à curiosidade - afinal você já chegou até aqui. Então você levanta a terceira taça e descobre que ela é inexplicavelmente muito leve. Ela parece pesar menos do que um tecido, embora o gelado do metal lhe comprove que é o mesmo material das outras duas. Essa sensação lhe deixa tão surpreso que chega a lhe atrapalhar e você não consegue concatenar direito o que você está vendo ali. Seria uma miragem? Não é possível...

- E aí? O que você viu sob o terceiro cálice?

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