Aos 16 anos de idade eu treinava artes marciais. O treino começava às 19:00 horas em ponto e se você chegasse atrasado você tinha que dar 50 voltas correndo em torno do tatame. Meu pai quem me levava, eu sempre chegava atrasado, o mestre sempre cobrava da gente essa disciplina , então duas vezes por semana eu corria e corria e corria, até cansar. O que estava em jogo não era a vaidade do mestre, a pontualidade para com a aula dele, mas sim o compromisso com aquilo pelo qual ele devia zelar. Aquela Arte era o sagrado, e como seu representante, a ele cabia o papel de nos cobrar essa percepção do mundo. O mestre sempre foi perfeito em sua postura. Hoje, aos 26, eu trabalho num templo. O horário é o mesmo, 19:00 horas em ponto, mas eu já não dependo de ninguém para me locomover. Independente de qualquer imprevisto, às 19:00 horas a mestra está na sala, no templo. Mas ela não quer saber se você chegou 18:00 ou 20:00, não há nenhuma cobrança, advertência ou punição, nenhuma palavra é profe