Saber Morrer

Penso sobre a minha morte com frequência. Pensando nisso, penso que muitos pensem também, que o assunto é mais natural do que se parece. Não penso na forma como eu vou morrer, o que vai desencadear o fato em si, mas sim no meu estado de espírito imediato após o desencarne; penso sobre a minha satisfação em relação a mais esta trajetória na carne. Penso se estarei feliz e terei cumprido aquilo que me propus, penso se terei consciência instantânea de que já não integro o corpo vivo do mundo, penso no que terá mudado em minha vida  até este momento derradeiro.
Tento não pensar em legado, mas o faço, claro. O quanto eu terei contribuído para o corpo social e se foi realmente válido. O quanto disso eu já alcancei e o que eu posso e devo começar a fazer para ter mais sucesso nessa empreitada. Talvez pareça mórbido um texto sobre o vindouro definitivo, mas para mim é natural. Posso ter inúmeros apegos e, não se engane, amo muito a vida que tenho. Sou grato por quem eu sou, mas não tenho receio de deixar de ser isto para ser o que sempre fui antes desta casca. Também não tenho pressa, apenas contemplo a impermanência que rege o efêmero e me curvo a ela. E penso: a raíz da angústia é o despreparo... Não. A raiz da angústia é a negligência. Saber morrer é uma obrigação.

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