Aurora
- Chovem flores e nem assim... - Como? - Me desculpe senhor, acho que eu pensei alto! - Às vezes não podemos nos conter, não é? - Eu me distraio facilmente... - Por isso ser tão amena, menina! - Já nos conhecemos? - Acredito que não, mas os seus olhos me são tão familiares que me dão dúvidas. - Que têm meus olhos? - Você sorri com eles. De uma simpatia tão transparente que me transporta para outras épocas. Ah, que bela forma de se ver o mundo! - Obrigada, eu acho... - São bonitas, não são? - Você também vê as flores? - Sim filha, eu vejo. - Então não é tão mal quanto eu pensava. - Eu? - Não! Você é muito gentil, senhor. - O quê é então? - A minha vista. Quero dizer, outras pessoas também veem o que eu vejo, então isso é bom. - As pessoas olham. Ver é diferente. - Como assim? - Filha, existem dois tipos de palavras: as que nos fogem à memória e as que nos escapam pela boca. - E? - Em ambos os casos queremos dizer algo avidamente. - Eu a