Agravo
Você, que é seu cargo e que se encarrega de carregar para
todos os lados o fardo de sê-lo.
Você, que é só profissão, limitado ao seu ganha pão e nada
mais: negocia a consciência, a moral e a própria paz. Já tanto faz.
Você, que se apresenta como trabalhador, antes mesmo de
falar do amor ou do tempo. Que se envaidece e se esquece do momento, inicia
diálogos sem cumprimentos.
Você, sem nome, mas um belo emprego. E uma promessa vazia de
sossego.
Mas você nunca acreditou em utopias.
Vive a vida em cores frias; não é pai, apesar das crias; não
é amigo, apesar das companhias; não é palhaço, apesar das fantasias.
As doses de ironia que o cotidiano nos reserva: resumia-se
ao vício de seu ofício, e à concepção de uma vida severa.
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