Charme
pois todo fim é um começo e toda despedida tem seu charme.
Queria já ter
partido há muito. Assim, espontâneo & definitivo, só para vê-la acenar seu
lenço assoado & encharcado das lágrimas que vergam por mim. Que não
retornarão aos seus olhos, assim como não retornarei aos seus braços.
O sol não
volta atrás por que sabe da deselegância do regresso. E faz de sua despedida um
espetáculo à parte, aplaudido no fascínio daqueles que desconhecem os outros
cantos do mundo.
Aplaudo o sol
de pé. Sem lugares estratégicos, porque não é aos meus olhos que ele toca. Mais
coerente seria o coro se o elogio fosse feito à dedicação com que este se
mantém sobre nós, incondicional. Mas vivemos de momentos, entre vírgulas, de
finais felizes!
Aplaudo o sol
com vigor & alívio. Sou vivaz em minha indiferença, tomado pela ansiedade,
cordial nas palmas explosivas que anunciam o fim de minha espera.
Dói-me este
receio com que se vai; esta despedida longa & dramática & indecisa.
Fere-me, exige-me paciência, adia meu enfim!
Eu que o
aplaudo tão somente para vê-lo distante, que contenho arduamente meus uivos,
guardo-me atrás de lentes escuras por que não me inspira o contemplar. Eu que
me mantenho firme, na expectativa do encontro prometido! E que já estou tão
longe neste momento, sem olhar para trás por que meus olhos estão perdidos no Zênite
em transação!
Há em mim um
coral de vozes a comemorar a queda do império! O Astro-Rei deposto... E eu, que
nem ensaiei minha despedida, assemelho-me ao sol ido:
querida, sou
noite.
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