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Mostrando postagens de maio, 2011

Distraído

Sempre fui meio desligado. De andar contra a correnteza das multidões e sair embaraçando-me em destinos alheios, lendo poesia em palavras caladas e distraindo-me em detalhes despercebidos. De afogar-me  na maré do cotidiano por estar entretido com o passado. E me ater aos acasos e encontros que a vida promove; deliciar meus olhos em caligrafias deixadas ao vento, meus ouvidos em conversas vizinhas, meu olfato em essências tímidas – e que para mim gritam. Ser tão impulsivo em sentimentos! E, no entanto, ser contido; tido apenas em olhares demorados, em silêncios inspiradores, em expressões faciais que revelam o que o nó dado à garganta encerra.  E ser raro, restrito. De pensamentos privados e sorrisos enigmáticos. Mil-e-um deles, ambos. E quantos destes não me pertencem? Despertos num devaneio ou numa afeição instantânea... Pois apaixono-me diariamente! Coleciono o que tanto me intriga, sublinho meus interesses nos passantes, perco meu fôlego e deixo-me arrastar, almejando ser leva

Nu

Quando saí de casa ao seu encontro vestia uma camisa de botões, inseguro sobre o tempo. E o vento que me alisou ao dobrar a esquina fez-me até considerar a busca de um agasalho... Mas, de fato, não há como amenizar o frio que se sente na barriga.

A etimologia mente

Favor não confundir caos com caô, amo com amor, gesto com gestor.

Tortuoso

Os olhares tateiam-me e a loucura tatua-me. O tempo, torcido feito toalha, se esvaiu sem deixar trocados; dobrou a esquina amarrotado, e foi ter com o solo, tonto. A queda foi o acertar-se dos ponteiros: desorientados, já não sabiam para onde correr neste extenso labirinto. E eu provo a tinta e conquisto atenção: que venho confundindo as datas e as luas e me perdendo nas demarcações dos calendários.