Além do que se vê
Garotos, tímidos em seus diálogos desconexos, disfarçam-se em excentricidades. E se fazem falsos para com os demais. Mas não! Incompreendidos, apenas. Garotos carregam consigo suas advertências, expõem-se em ares seguros. Mas suas introspecções constantes, seus pensamentos longínquos, fluídos ao silêncio de quem se perdeu por aí... Um estoque de passos tortos e algumas moedas no fundo de um bolso surpreendido. Palavras atadas à garganta e a boca seca, desgostosa. Pois garotos transbordam tranquilidade. Mas o excesso prova-se descontrole. E têm um par de olhos inquietos aonde se lê o desespero. Feitos fortaleza, resistem em um orgulho desonesto. Vêm as horas, discretas, amontoando-se furtivamente para, de forma impiedosa, anunciar um amanhecer impreterível. O sol urge e já é hora de pisar em casa. Lágrimas contidas não deixam rastro.