Imperfeito

chamo à este "clássico" por eufemismo.
mas eis a versão mais condizente:
“Que queres?”
“Que me tomes por completa!”
“Já não és mais nada! Já não mais existes! Podes me entender?”
“Não, não posso! Que te fiz?”
“Não fez! Nunca existiu!”
“E que faço em tua fronte?!”
“Perturbas-me! Somente isto! Pare de me atormentar, me seguir pelos cantos, que já não consigo mais vê-la em cada esquina!”
“E me vês tanto assim?! Que nem mais consigo sair de casa se não em tua presença! Que minhas expectativas são encontrar-te aonde quer que eu vá! Que a Lua vem me escutando dia e noite!”
“Contas tudo a todos! A cidade chora pelos teus arrependimentos! E, com tanta maquiagem, faz até parecê-los sinceros! Lua! Que Lua?! Que esta já não me visita há muito!”
“E a noite deixou de aparecer por aqui?”
“Desde você.”
“Desde mim? Para que complicas tanto assim?”
“Por que eu sou assim: complexo – por natureza.”
“A complexidade pertence ao ser humano! E há de se gostar de si próprio do modo como és! Do modo como eu te gosto, amo!”
“Amas? A tantos! Que te culpas a vida pela crueldade da dúvida, da escolha!”
“De estar confusa!”
“Sempre! E consigo própria!”
“E tuas outras mulheres?!”
“Que têm?”
“Quantas já não adoeceram de tanto pensar em ti?! Quantas já não passaram cabisbaixas por mim e eu não soube que aquilo era você?! Que o caos é teu sobrenome e te orgulhas disso!”
“Que o caos é meu sobrenome e me afeta também! Que me distancio do mundo para não afetá-lo com minhas lamúrias, para não levar problemas a quem me tem ao lado! E é por isso que nem te enxergo mais!”
“Tens, então, piedade de mim?! Juras que não me queres para me poupar?! Que me evitas para me ter sorrindo?!”
“JURO!”
“E sabes que não sorrio mais por ti?! Que tanto te esperei! De boca fechada; e olhos também! Para poder imaginá-lo ao meu lado nos instantes em que eu sabia que nem te lembravas de mim!”
“Sempre te tive comigo!”
“E agora não tem mais!”
“Que sua espera terminou! E, então, a escolha lhe coube!”
“Te orgulhas, Clementine?! Clementine Kruczynski! A apagar o que lhe convém! A assassinar as marcas ao seu redor por ser mimada demais! Que não sabes se domar, que se droga de tecnologias, ou mesmo do álcool, bem sei, para realizar o que, por si só, és incapaz!”
“E ainda assim falhar.”
“Porque me pertences! Porque não deves desperdiçar o amor! Porque sabes que teu orgulho contradiz teu coração!”
“Despedaçado.”
“Não mais.”
“Como?”
“Nada.”
“Nada?”
“Esqueças... Esqueças! Esqueças, entendeu? Esqueças o mundo! Esqueças o pudor, esqueças o amanhã! Esqueças teu orgulho, teu choro, não, nada disso existiu! Esqueças da hora e de qualquer compromisso se não este que tens comigo! Esqueças de tudo e só te lembres de meu rosto e de meu corpo. Esqueças que tanto me perguntou e esqueças de te preocupares com a forma como isto acaba!” Esqueças que leu estas linhas e esqueças de tudo o que tu tens a comentar! Esqueçam das vírgulas que pontuam sua mente e do blog em que viu todas essas frases entre aspas! Esqueçam meu nome, minha assinatura, a foto! Esqueçam da data, até mesmo da hora, do que está escrito embaixo...

Comentários

  1. É pedir demais²

    Ainda mais porque tá na controvérsia de estar escrito no blog, na controvérsia de me fazer ler...

    ...sigo o instinto e continuo lendo.

    Sorry!

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  2. E como eu poderia responder a uma pergunta como essa?

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  3. Não achei que tivesse :) Aliás, não acho que ninguém tenha, a primeira pergunta que me faz e escolhe logo a mais difícil de todas.
    Eu poderia ser uma pessoa aleatória. Com base em quê discorda da minha própria descrição? Mais do que intuição?

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  4. Não gosto que me dêem ordens - principal motivo pelo qual estou comentando.

    Brincadeira, não só por isso, gostei do blog, gostei do texto, algumas palavras pareceram doer em mim...


    Lendo mais seu blog fiquei curiosa sobre vc, tem msn moço?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Toda certeza só tem um dono, porque é completamente submetida ao subjetivo de cada um. E quando a subjetividade atua, as diferenças de opinião ficam mais nítidas. Comentá-la não me forçaria a enxergá-la. Só enxergamos aquilo que temos dentro de nós, ainda que parcialmente. Todavia, você expôs o que te fez não acreditar na minha descrição. E se me permite observar, fez isso com uma ótima disposição de palavras. Mas não conseguiu fugir da intenção de acobertar pensamentos com palavras doces, elas estiveram lá, com ou sem propósito, já que sabemos o impacto desse tipo de palavras.
    Me pergunto se a sua intuição faz-se tão presente assim, se é constante e o porquê da sua necessidade de definir as coisas.
    Foi a brisa do mar de Angra dos Reis que soprou meu pólen pro teu jardim aí de Minas. Ou quem sabe eu mesma tenha soprado um pouco. A minha intuição me diz que faltava flor nesse jardim, estou enganada?
    "De onde cê vem? Para onde cê vai?" Aposto que já tens uma opinião sobre qual seria a minha resposta, gostaria de saber qual é.

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  7. Mudei algumas coisas no blog (tipo tudo) dai eu desapareci da sua lista mas não do blogger!

    É só me add novamente:

    www.signomaca.blogspot.com

    Vlw!

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  8. Se "vem acontecendo" é porque algum dia não foi assim ou porque você acha que um dia vai deixar de ser. Que bom que quase-imperceptível não chega a ser imperceptível de fato.
    Reveja seus conceitos sobre inconveniência, porque você não se encaixa no meu de jeito nenhum, pelo contrário =)
    Se Minas já não era interessante só pelo jeitinho de falar de seus moradores, faculdades de meu interesse e mais, agora passou a ser.

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  9. chicó, cada dia melhor! haha =)

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