Pontual

Quatro horas.
E eu consulto, de minuto em minuto, o relógio em meu pulso.
Olho nervoso ao redor. Procuro em cada canto e nem tenho disposição para pousar os olhos tranquilamente e apreciar os detalhes da paisagem.
São carros que me cercam, que passam apressados se revezando no conceder da preferência, indiferentes à minha espera vagarosa.
Mas espero. Não sei se ainda ansioso, mas de pernas bambas e coração acelerado.

Crio hipóteses – será que fui abandonado, esquecido? – e enquanto persisto em minha sina sinto os fios de minha barba crescerem e as rugas se formarem e me deformarem.
Já são cinco, quase seis, e o sol vai se arrastando num céu cor-de-rosa apoiado em flocos de algodão movidos pelo vento da tarde.
Vento este que me arrepia, que sopra e me trás a rosa para colocar em seu cabelo.
Se você chegar.


Será que pelo menos a Lua aparece?

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