Chuva
Abre o vidro por que precisa de ar. Está abafado e seu coração está disparado, portanto nada melhor do que deixar o ar fresco invadir aquele cubículo minúsculo, porém ele abre pouco para não molhar o estofado – chove lá fora. Chuva fina, mas constante. Coreografia milenar! E apresentações espontâneas por todos esses dias de outubro. A graça do espetáculo sempre foi essa: pegar o público desprevenido e aí que se confere o que é arte de verdade! Apenas alguns sabem apreciar o espetáculo de ver o céu cair e se renovar em sua plenitude inatingível. A brisa vem suave e envolve o corpo suado. Trás o frio da noite para dentro e em poucos instantes arromba os pensamentos acelerados e desperta o instinto humano. Ele precisa de uma blusa de frio, então se contorce no banco e estica a mão para pegar o agasalho no banco de trás. É uma blusa cinza e macia, uma de suas preferidas e, normalmente, em seu estado normal, ele ficaria em êxtase de usá-la, porém nesta noite ele prefere passar frio a vesti-