Então eu estava sentado numa esquina, dividido entre ler um livro e apreciar a movimentação ao meu redor. O vai e vem das seis, a cidade e os seus, o contraste colorido dos céus que se alternam sobre nós. E de gente em gente, pouso meu olhar tímido apreciando as particularidades que saltam, umas evidentes, outras mais tímidas. Eis que eu escuto um som desarmônico vindo pela viela e identifico um rapaz munido de seus alto-falantes portáteis, vestido com roupas humildes e ostentando um porte agressivo, indiferente a tudo e todos. De passadas rápidas conduzia sua música marginalizada em seu trajeto para casa, uma possível exaltação da liberdade depois de um dia exaustivo num típico sub-emprego da metrópole. Dos transeuntes, alguns procuravam a origem da inquietação sonora, outros, já acostumados àquela realidade, resumiam-se em seu silêncio polido, embora fosse gritante aquela inquisição sutil que acompanhava o rapaz. Eu que percebi-me julgando-o pela música que me invadiu, logo invalidei