Houve um dia em que tendo a bela árvore amanhecido ensolarada pedi sua permissão para me aconchegar aos seus pés e uma vez ali sentado em silêncio pus-me a medir com olhos e olhares sua generosa sombra que também me abraçava e a árvore era compreensão e as folhas dança e o sol ao céu e eu ao solo e sob mim solipsismo o ir e vir primaveril e o humor do contraste: pelas manhãs engrandecia ao meio-dia a vaidade e pela tarde a temperança e quem amansa sombra? só lua e olhe lá que tudo cresce tempo tem e eu vendo a impermanência na opacidade e as reviravoltas do mundo no chão vi por reflexos tudo o que há e a sombra não era senão projeção de generosidade pois que a árvore majestosa e gentil cedia de si tudo o que havia e a sombra crescia conforme a bondade que quanto mais luz mais sombra e no entanto tudo é um e mesmo eu fruto e fronda.