Acordei de uma vida, tal foi o sonho Vivido como nunca fui. Não arrisco abrir os olhos. Ainda há a esperança de que eu esteja dormindo. Adio o dia diáfano. Planejo e nem vejo o que se passa: O quarto escuro, e enquanto me recomponho, tateio meus óculos (Eles sempre mudam de lugar durante a noite.) (Às vezes eu confundo miopia com esquizofrenia.) Meu braço dança, mas nada alcança Nitidez esquiva, arredia, arisca A vista é uma mancha; a vida, um borrão Eu sou uma dobra na página de introdução. Qualquer obra incompleta. Mais amarrotado que os lençóis eu ensaio levantar-me, É impossível. Coloco a culpa na cama. Nos óculos perdidos. Preciso reavê-los, meu dia precisa começar De fato falta-me foco... É essa dependência de alta-definição. Auto definição.