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Mostrando postagens de outubro, 2014

Das Montanhas

Errante como a carta, Perseverante como o carteiro Todo aquele que se aparta Há de tornar-se parteiro A vida farta farta ao guerreiro Todo caminho conduz ao inteiro.

Opaco

Acordei de uma vida, tal foi o sonho Vivido como nunca fui. Não arrisco abrir os olhos. Ainda há a esperança de que eu esteja dormindo. Adio o dia diáfano. Planejo e nem vejo o que se passa: O quarto escuro, e enquanto me recomponho, tateio meus óculos (Eles sempre mudam de lugar durante a noite.) (Às vezes eu confundo miopia com esquizofrenia.) Meu braço dança, mas nada alcança Nitidez esquiva, arredia, arisca A vista é uma mancha; a vida, um borrão Eu sou uma dobra na página de introdução. Qualquer obra incompleta. Mais amarrotado que os lençóis eu ensaio levantar-me, É impossível. Coloco a culpa na cama. Nos óculos perdidos. Preciso reavê-los, meu dia precisa começar De fato falta-me foco... É essa dependência de alta-definição. Auto definição.

Imaturidade

Eu ainda penso Que o mundo é imenso.

Aparto

Imagem
Chão árido, terra seca. Noite escura da alma. A fogueira anima as sombras, quantos somos? O deserto se estende ao longe, além-túmulo. Tudo é poeira. Pele vermelha, cabelos compridos, manto grosso. Somos o círculo. O Xamã coaduna. Eu não me vejo. Mal escuto algo, tal a inquietude. O receio recebe-me antes mesmo da terra: Também a tempestade precede a calmaria. A vista inebria-se.