Fardo
de devaneio dominical & das frustrações de fazer “ apoteose " inteligível oralmente. lido, ironicamente, no Sarau dos Vira-Latas . . . . Fardo Há textos que não cabem na leitura para terceiros. Ainda que declamem-no com ardor e intenção; ainda que a voz tenha a entoação adequada para perfurar qualquer obstáculo sonoro e fazer-se triunfante em um ambiente; ainda que o intérprete consiga reunir a atenção de seus expectadores e colecioná-la com uma satisfação fria, como fazem os poetas: manipulando as palavras que os agradam e encaixando-as com destreza em uma composição majestosa. Há frases indecifráveis aos ouvidos, há palavras cuja voz é incapaz em proferi-las. Um texto carrega rasuras, texturas, borrões! De café ou de um vinho barato, que preenchem-no as lacunas e completam-no no contemplar. Um texto e seu contexto: ilegível à língua. E que esta tateie, no escuro, à vontade! Mas as entrelinhas escondem o essencial e há segredos que não se revelam à luz d