Abraçou-me enquanto meus braços pendiam, caídos, colados rente ao corpo. Eu permanecia inerte, imóvel em minha introspecção, porém presente, atento e ansioso às palavras que eventualmente viriam sopradas em forma de um sussurro. Desde o contato com os seus braços as cores se foram e, novamente, meu coração batia acelerado, naquele ritmo esquisito de quando você está perto. Uma ansiedade engasgada, um cortejo desalinhado com passos estrondosos que me desconcertam. O rosto escondido em meu ombro, de braços abertos a me enlaçar, e no entanto, talvez, mais fechada do que nunca. Encoberta em seus motivos, não há espaço para hipóteses, mas todas as palavras são imprecisas e ressoam tempo demais em minha cabeça: ou em um ensaio ou em uma memória. Sou público, mas não me publico. E, de pensamentos tão privados, minha boca permanecerá cerrada. Sem graçejos, desta vez.