Do Mestrado e do Desejo
Não aceito o título de Mestre. Mesmo que eu seja o Shihan, o iniciador de tanta gente, eu não sou um Mestre.
Esse termo, para mim, é mais do que uma nomenclatura útil. Na minha tradição ele representa alguém que obteve autonomia irrestrita em todos os planos, alguém que é dono de seu destino, que transcendeu todas as necessidades e demandas possíveis, e é um canal integral da Vontade Divina.
Eu não sou essa pessoa. Estou longe de ser. E também não conheço e nem conheci ninguém que jamais passe perto dessas definições. Também, quando leio sobre a vida de Grandes Iniciados, raramente reconheci essas qualidades neles. Mas sei que existem esses indivíduos. Alguns, aqui, em nosso plano imediato. Outros, já habitando as esferas superiores e se desdobrando para executar um trabalho que nos é inimaginável.
De toda forma, aprendi uma coisa: aqueles que aspiram o mestrado não são dignos deles. Ainda vão cair muito, tombar, ralar os joelhos, se rastejar na própria vaidade até desgastar suas ilusões, dissolver suas sombras e perceber a humildade inerente do caminho.
Mas, então, quem está apto para o mestrado? Todo aquele que seguir seu próprio ritmo, com autenticidade e despreocupação.
Todos nós viremos a ser mestres em algum momento, mas aqueles que o desejam ainda precisarão matar o seu desejo.
Geralmente o mais humilde se envaidece disso.
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