A Esfera Emocional ou A Teatralização do Viver


Tudo o que passamos na vida tem um quê de drama. A nossa perspectiva sobre a realidade se delimita numa espécie de Esfera Emocional, um foco que teatraliza as dinâmicas ordinárias que nos acometem. É como se os acontecimentos que se dão nesses espaço suscitassem mais presença, fossem mais tangíveis e intensos, exigissem de nós mais urgência…

Esse fenômeno é muito importante porque é o que nos possibilita desfrutar de cada situação. É quando examinamos os detalhes e enxergamos o extraordinário no comum. Essa vivência do drama existencial é que é chamada de “a arte de viver”, e é o cultivo de seu deleite o que chamamos de “encantamento”.

Mas, por outro lado, o deslumbre desprovido de presença, ou seja, o deslocamento existencial, o drama como uma espécie de escape do Real é um mecanismo de fascinação e provoca o embotamento e a desintegração da consciência.

É importante observar que essa Esfera Emocional, esse foco sensível, pode ser aumentado ou diminuído, e pode ser projetado para o passado em memórias que vamos examinar, ou para o futuro em projetos que vamos executar. Na maioria das pessoas esse é um processo inconsciente e involuntário, mas o deslocamento dessas esfera sensível de forma consciente pode oferecer maior intensidade aos processos, ou, pelo contrário, uma dessensibilização e relativização voluntária de um determinado tópico que o indivíduo julgue não merecer tanta atenção.

Nesse caso, de simples dramaturgos, nos tornamos também os produtores e iluminadores, conduzindo os canhões de luz pelo palco e endossando apenas o que faz sentido ter destaque na peça, digo, na vida. 

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